30.4.18

Desalmado - Save Us From Ourselves (2018)



Retornando depois de dias movimentados e intensos pra falar do que mais gosto: som pesado e bem feito. Desta vez chego com o mais recente trabalho da Desalmado, quarteto paulista que já tem uma boa caminhada dentro do nosso underground e que neste ano apresentou para o submundo da música extrema  o excelente Save Us From Ourselves. 
O disco, no quesito sonoridade, segue a linha deathgrind que colocou a banda no game da dita cena, com influências nítidas do crust, hardcore e nuances de som tribal. Cantarolado todo em inglês, a banda dichava no decorrer das noves músicas, influências de Napalm Death (fase metal), Nasum, Ratos de Porão, Dishcarge  e mais coisas semelhantes do tipo. De todos os trabalhos que a banda já lançou e que tive a oportunidade de ouvir, considero esse o mais coeso e encorpado, talvez a experiência de estrada (desde 2004 na ativa) possa explicar o primor que começa pela capa, encarte, letras e termina nas excelentes composições do quarteto. 
Com uma paulada atrás da outra em pouco mais de vinte e cinco minutos, posso destacar algumas cantigas que roubaram a minha atenção por mais vezes. Foi o caso da música que leva o título do disco, Save Us from Ourselves, que tem uma pegada tribal maravilhosa em sua introdução, que remete as influências percussivas dos mestres mineiros conhecidos pela graça de Sepultura. Outra música cabulosa que destaco recebe o título de Blessed My Money, grind moderno com boas pegadas de crust/hardcore que pode ser rotulada como uma catarse sonora, dada a tamanha intensidade que o som transmite. Bridges to a New Dawn possui um vídeo clipe incrível (veja no final do post) e mostra um pouco de toda a miscelânea extrema inserida na banda. Meu outro destaque vai para Binary Collapse, grind com pitadelas de d-beat (bateria cavalo-manco) que soa bem contemporâneo sem deixar a velha escola de lado.
Outro destaque fica para as composições, pois se tem algo que gosto de valorizar dentro dessa cena é a mensagem que a banda passa. Resistência em tempos obscuros é mais que necessário e a Desalmado não foge da reta, apresentando letras libertárias com forte cunho social e desgarrado de dogmas. Nem preciso falar que coisas do tipo costumo valorizar mais do que o normal e faço questão de destacar esse posicionamento da banda perante as situações de nosso cotidiano. Nota máxima, sem tirar um décimo.
A maravilha de capa e o poster interno é de autoria do brilhante Jeca Paul (cösmico zine), que deixou o trampo mais fino ainda. Lançamento da master Black Hole Productions, sempre impecável em seu cast e que sempre dá aquela sobrevida a cena extrema deste país. O lançamento ainda teve o apoio da Helena Discos, vale ressaltar.
A nítida transição do grind e o death talvez seja um dos diferenciais que fazem da Desalmado um dos grandes destaques da cena extrema nacional, e este lançamento só reforça o nome da banda entre os principais destaques do grindcore da atualidade. Quem conhece sabe do que estou falando e pra quem não conhece, ainda está em tempo de corrigir esta falha grave. Baita banda e disco incrível!!!



Obs.: resenha morreu o caralho.




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