31.8.15

Discos que pioraram a minha vida #05: Velho de Câncer - S/T




Depois de um tempo enrolado sendo um andarilho de hospitais, clinicas e convivendo com o ambiente sombrio de roupas brancas e cheiro de éter, voltei pra reativar uma ala esquecida por mim mesmo neste sítio. Nessa oportunidade o "Discos que pioraram a minha vida" chega pra falar de um registro atemporal dentro desse subterrâneo sonoro, é aquele cdzinho coqueluche da Velho de Câncer (que depois virou somente Câncer). 

Não lembro exatamente quando peguei o disco em mãos, mas sei que conheci a banda na internet e em algum show no Capim Pub vi uma cópia na banquinha do Segundo (Two Beers Or Not Two Beers), eu acho. Nessa época, 2009/2010, eu andava bem largadão no esquema de rolês, chapação sem limite, acordadas dentro de ônibus em pontos finais e descompromisso com a vida em si. Eis que um belo dia meu irmão mostrou exatamente essa bolachinha digital em que eu havia namorado alguns meses atrás e ordenou a audição imediata daquele material. Antes de ouvir fui ler assuntos sobre a banda e gostei muito das coisas que passei os olhos, e quando coloquei o artefato pra rodar no 3em1 foi um estopim sonoro que estragou meus ouvidores. Um punk melódico gritado com muita urgência que fez eu parar de ouvir muita coisa na época pra ficar ativando o modo repeat do aparelho sonoro em casa, favoritar o mp3 de bolso pra servir de trilha na rua ou dentro de alguma aula paranoica de Sistemas Lineares. A verdade é que a concepção do disco abraçou minha tosca vida num breve período e levou para um estágio quase que obscuro de uma falta de sentido nas coisas que me cercavam, uma sarjeta existencial que tinha  representatividade nas letras dessa maravilhosa banda.

Músicas como "Raiva de Espírito", "Alma de Mendigo", "Cidadão Rancor", "Grande Nada" e tantas outras que recheiam a bolachinha tornaram clássicos desse esgoto e por um bom tempo foram a minha trilha sonora de um cotidiano frustrado e quase derrotista.

A verdade é que o rumo da vida sempre muda, e já há mais de 4 anos que vivo dias intensos e gratificantes, talvez falte uma coisa aqui ou ali pra encaixar, mas agradeço ao Velho de Câncer, uma das melhores bandas que ouvi nessa curta temporada dentro desse underground, por toda a mensagem que instigou de uma forma direta este que aqui rasura a tomar uma outra direção para as possibilidades. A parte mais triste é que a banda acabou de uma forma súbita e não consegui pegar uma apresentação dos cabras, mas o legado pro nosso esgoto ficou com fortes marcas e cheiro forte!

Ouça o disco aqui:

0 comentários: