3.7.15

Tirei Zero - S/T (2015)



Falar de uma banda que você tem um contato mais próximo envolve um certo carinho na hora de gastar a tinta da pena, e relatar sobre a Tirei Zero não é só falar da música punk, da contracultura e da estética anti social que representa pessoas que não se encontram nesse padrão, é falar da forte relação que a amizade exerce dentro dessa fuga constante que o cotidiano maçante exerce particularmente na vida de cada um. A banda, atualmente, é composta por quatro cabeças diferentes que por conta de algum cosmo superior (ou não) faz a coisa vingar de uma maneira incrível, seja no estúdio ou no palco.

Só quem viu e conversou com os caras sabe do que estou repassando. Pedrinho com o seus sentimentos sempre aflorados é a pessoa mais sincera que você pode conhecer, e vai por mim, é uma experiência maravilhosa conversar/conviver com esse maloqueiro-compton-city. Vitim seria uma espécie de mutante-hilário, se você ficar perto dele e não rolar uma imitaçãozinha tosca, fique desconfiadx de si mesmo, pois há algo de errado nessa desconjuntura sub-humana. Bruno é aquele cabra que você conversa sobre tudo e quando se deu por conta o dia acabou, aaah e o diplomata também possui um gosto peculiar no âmbito da culinária rústica. Júlio é o raparigo multi-uso da engrenagem que gira no anti-horário do costume e que completa este time-sapeca-bola-de-capotão-em-campão-de-terra.

Neste momento atual vejo a banda em sua melhor forma, vigorosa e inconsequente nos palcos, transmitindo uma revolta que extrapola os palcos e que você leva pro resto da vida torta. Os caras estão aí com um disco novo maravilhoso lançado, por enquanto em formato virtual, que representa muito o que citei nas linhas anteriores, skate punk simples, sem rotulagem e que levanta a bandeira da escolha livre a favor do seu bem estar (ou não), indo contra toda uma logística social imposta através da vontade de fazer o que acha que é certo. O disquinho é como se fosse uma rajada lançada na portaria da escola, libertando xs zumbis do sistema educacional falido. A bolachinha conta com 15 cantigas, influência clara e necessária do punk podre oitentista, vinhetinhas maravilhosas (Mal Visto, Escravo do Altar, Eu Não Me Importo Com Você), referência ao RZO e Racionais (Rolê na Vila, Velho Rolê), alguns hits decadentes que causam fortes dores nas juntas (Skate Para Destruir, Eu Odeio Regras, Menos é Mais, Dia a Dia) e aqui está um dos melhores trampos lançados neste ano dentro da esfera da cantiga subterrânea do esgoto. 

A arte-maravilha da capa do registro é de autoria do incrível amigo e artista Rustoff, e mais uma vez, a amizade não fica hasteada a meio mastro e mostra que a cooperação sincera sempre rende ótimos frutos. Vigorosa e inconsequente nos palcos, a banda transmite uma revolta que extrapola os limites público/banda, lascando a disciplina tradicional e arrebanhando xs desviadxs da carceragem 30 carteiras/4 fileiras que identificam-se com as lições cruéis das ruas. Mas aí, se ainda depois disso tudo você ficou com uma certa dúvida, a recomendação é óbvia: ouça, é o que eu digo!

Página da banda: Tirei Zero

Ouça o disco aqui:


Download do disco:
Tirei Zero - S/T (2015)

Você também pode conferir uma pouco da doidice que foi a apresentação da banda no "Palco Lixo" na Virada Cultural de São Paulo 2015.

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